No último dia 6 de junho, foi celebrado o Dia da Logística, uma atividade que contribui para o desenvolvimento econômico, criando empregos diretos e indiretos, e impulsionando o comércio interno e internacional.
No Brasil, o modal rodoviário é o principal sistema utilizado para movimentar a maior parte das cargas, respondendo por cerca de 62% do transporte de mercadorias. Em um país de proporções continentais, a logística rodoviária facilita o acesso a áreas remotas e rurais, o que é fundamental para estimular o crescimento econômico regional e a qualidade de vida das pessoas que vivem em localidades mais distantes dos centros urbanos.
Diante da sua importância, a logística rodoviária brasileira enfrenta um desafio que considero fundamental e que permeia todas as suas operações: a precariedade da infraestrutura de transporte.
A modernização da infraestrutura de transporte no Brasil enfrenta obstáculos estruturais e sistêmicos que persistem há décadas. O país ocupa uma modesta 71ª posição no ranking mundial de qualidade de infraestrutura de transportes, dentre 141 países, segundo estudo do Fórum Econômico Mundial.
Essa posição reflete dificuldades complexas que vão além da simples falta de recursos. Com aproximadamente 12% das estradas pavimentadas e cerca de 60% da malha rodoviária apresentando problemas que comprometem a segurança e eficácia do transporte, este obstáculo estrutural representa o principal gargalo para o desenvolvimento sustentável do setor.
Portanto, é nítido a qualidade das estradas um fator determinante para a competitividade nacional. Isso porque as condições precárias em muitas rodovias resultam em custos operacionais elevados, com aumento significativo no desgaste de veículos, maior consumo de combustível e possíveis atrasos nas entregas.
Essa falta de manutenção adequada das estradas gera custos adicionais que se refletem diretamente no preço final dos produtos, comprometendo a competitividade das empresas brasileiras tanto no mercado interno quanto externo.
A insegurança nas estradas agrava ainda mais o cenário. Os roubos de carga geram prejuízos que ultrapassam bilhões de reais anualmente, criando um ambiente de incerteza que demanda investimentos substanciais em medidas de proteção, como escoltas e sistemas de monitoramento.
Como superar os desafios?
É claro que a superação dessas dificuldades exige uma mudança fundamental na abordagem governamental, com foco em planejamento de longo prazo, aumento substancial dos investimentos e desenvolvimento de políticas que promovam a integração modal. Mas, também não dá para ficar só reclamando e esperando pelas melhorias da administração pública. É preciso agir.
O futuro da logística rodoviária brasileira depende da capacidade das empresas de combinar inovação com planejamento estratégico, transformando desafios em oportunidades de crescimento sustentável.
A seguir, algumas estratégias que considero essenciais para o crescimento do setor.
- Planejamento estratégico de rotas: a implementação de sistemas eficientes de roteirização permite identificar trajetos mais seguros e em melhores condições de conservação. Este planejamento criterioso pode reduzir significativamente os impactos das limitações da infraestrutura rodoviária.
- Investimento em manutenção preventiva: programas estruturados de manutenção preventiva das frotas são essenciais para minimizar os danos causados pelas condições precárias das estradas. Esta abordagem proativa reduz custos de reparo e aumenta a disponibilidade dos veículos.
- Capacitação de mão de obra: a escassez de profissionais qualificados em logística representa um desafio adicional. Investimentos em programas de capacitação e retenção de talentos são fundamentais para melhorar a qualidade dos serviços e reduzir riscos operacionais.
- Gestão de risco e segurança: a implementação de programas eficazes de gestão de riscos deve incluir medidas preventivas como escolha criteriosa de rotas, horários de viagem estratégicos e protocolos de segurança bem definidos. A comunicação constante entre motoristas e bases operacionais, ainda que através de métodos convencionais, contribui significativamente para a redução de incidentes.
- Parcerias estratégicas: o desenvolvimento de alianças com outras empresas do setor pode permitir o compartilhamento de custos de segurança e a criação de comboios para trajetos de maior risco, aumentando a proteção das cargas sem comprometer excessivamente as margens operacionais.
O futuro da logística rodoviária brasileira depende da capacidade das empresas de adaptarem-se às limitações estruturais enquanto desenvolvem estratégias inovadoras para superá-las.
A combinação de planejamento estratégico, diversificação modal e investimento em qualificação profissional oferece caminhos viáveis para o crescimento sustentável do setor.
(*) CEO da BBM Logística.