São José dos Pinhais – 16/10/2025
Na última sexta-feira, dia 10, mais de 300 profissionais do setor logístico e representantes de empresas capixabas se reuniram em um evento onde foram apresentadas discussões sobre tendências, desafios e soluções para apoiar e otimizar a logística no Espírito Santo e no país como um todo.
Realizado pela BBM Logística, uma da maiores operadoras de transporte rodoviário de cargas do Brasil, e promovido pelo Painel Logístico, o Encontro Logístico, apresentou cases de inovação tecnológica, debates sobre integração multimodal, reforma tributária e perspectivas de crescimento para a logística nacional.
Desafios estruturais e oportunidades de transformação
Na abertura das palestras, Agapito Sobrinho, presidente da BBM Logística, apresentou um cenário atual dos desafios enfrentados pelo setor de transporte e logística, responsável por aproximadamente 15% do PIB nacional e com impacto em praticamente todos os segmentos econômicos.
Sobrinho destacou que o setor enfrenta barreiras estruturais significativas, como ambiente político-econômico complexo, infraestrutura logística deficiente, elevados custos de capital e pressão regulatória intensa.
“Vivemos uma conjuntura de desafios estruturais e de produtividade. Questões como custos elevados de capital, infraestrutura deficiente e complexa pressão regulatória ainda nos impõem barreiras importantes para o avanço do setor”, afirmou Sobrinho, ressaltando que a baixa integração da cadeia logística, a fragmentação do mercado e a escassez de mão de obra qualificada são fatores determinantes para a competitividade nacional.
O presidente da BBM também destacou que a transformação do setor passa pela mudança de paradigma: “Precisamos enxergar a logística não mais como um custo a ser reduzido, mas sim como um ativo estratégico que gera vantagem competitiva. Para isso, investimentos em tecnologia, integração operacional e capacitação de pessoas são fundamentais”.
Espírito Santo: um hub logístico estratégico
O presidente do Sindiex (Sindicato do Comércio de exportação e importação do estado do Espírito Santo), Sidemar de Lima Acosta, abriu o evento mostrando a atuação do Comitê de Logística que funciona como um canal permanente para consolidar demandas sobre transporte, armazenagem, portos, aeroportos, retroáreas e multimodalidade, articulando soluções com autoridades e operadores.
Acosta reforçou a posição do Espírito Santo como hub logístico de relevância nacional, destacando sua localização geográfica privilegiada, infraestrutura portuária eficiente e capacidade de atender aproximadamente 70% do PIB brasileiro em um raio de 1.100 km.
“O Espírito Santo está preparado para assumir novo protagonismo logístico, com um ambiente aberto a investimentos, inovação e colaboração entre todos os elos da cadeia. O diálogo entre empresas, governo e sociedade civil é fundamental para consolidar o estado como hub logístico nacional”, comentou.
Integração multimodal e infraestrutura como vetores de crescimento
Em sua participação no Encontro Logístico, o presidente do Transcares (entidade representativa das empresas de transporte de cargas e logística do ES), Luiz Alberto Teixeira, destacou que a integração entre os diferentes modais de transporte é peça-chave para reduzir o “Custo Brasil” e elevar a competitividade logística nacional.
“A sincronização entre portos, aeroportos, armazéns atacadistas, distribuidores e portos secos já está criando um ecossistema eficiente. Projetos como o PARKLOG BR ES, iniciativa do governo estadual, serão fundamentais para fortalecer essa integração e consolidar o Espírito Santo como centro de sinergia logística”, afirmou Teixeira.
Teixeira também destacou que os próximos cinco anos deverão trazer transformações profundas, com maior digitalização, automação e sustentabilidade, além da valorização dos modais ferroviário e de cabotagem em relação ao rodoviário. “Estamos vivendo um momento de transição estrutural. Quem souber integrar tecnologia, infraestrutura e pessoas sairá na frente”, completou.
Inovação tecnológica: cases de transformação digital
Guilherme Cavalcante, gerente regional de operações da Suzano, apresentou o case “Celulose Inteligente”. Ele demonstrou como a inteligência artificial já transforma processos na cadeia logística da Suzano, implementando modelos preditivos, sistemas automatizados e recursos de IA generativa que otimizam decisões e colaboram para a eficiência global da operação. A IA, segundo Cavalcante, já reduziu custos, acelerou o onboarding de equipes e alavancou resultados ambientais.
A palestra reforçou ainda as tendências globais que já estão presentes no Brasil, como machine learning para previsão de demanda, otimização de rotas inteligentes e manutenção preditiva de frotas, tecnologias que podem reduzir custos logísticos em até 15% e melhorar a gestão de inventários em 35%, segundo estudos da McKinsey.
Vports: pioneirismo na gestão portuária privada
Bruno Segrini, gerente de planejamento e inteligência de mercado da Vports, apresentou o case “Vports: Primeira Autoridade Portuária Privada do País”, destacando o modelo inovador de gestão, orientada por dados, dos terminais de Vitória, Vila Velha e Aracruz.
Segrini detalhou a experiência da primeira autoridade portuária privada do país, responsável pela gestão dos terminais de Vitória, Vila Velha e Aracruz. O projeto Vports apresenta integração modal, investimentos em infraestrutura, digitalização e sustentabilidade, tudo isso para elevar previsibilidade, produtividade e qualidade de serviço.
Transformação logística: o case General Mills
Em seu painel sobre tecnologia e inovação, Rodrigo Luciano Batista da Silva, gerente nacional de transportes da General Mills Brasil, compartilhou a experiência da empresa na transformação de sua malha logística, marcada pela modernização de centros de distribuição, parcerias estratégicas com operadores logísticos e práticas de sustentabilidade que elevam o padrão de serviço do varejo alimentar.
E-commerce e logística da venda online
Em seguida, Caio Gamberini, gerente de operações da Ybera Paris, apresentou o case “Ybera: Logística da venda por e-commerce”, destacando como a empresa capixaba de cosméticos profissionais estruturou sua operação logística para atender o modelo de Live Commerce, que gerou R$ 200 milhões em vendas e atinge transmissões com mais de 700 mil espectadores simultâneos.
A iniciativa demandou uma reconfiguração de processos, desde planejamento de demanda até fulfillment, last mile e serviço ao cliente.
Painel de tecnologia e inovação
O painel final reuniu representantes da Ybera Paris, BBM e Sindiex para debater IA, automação e digitalização no supply chain, enfatizando como dados em tempo real e sustentabilidade impulsionam o last mile e a competitividade, com o e-commerce como catalisador de mudanças.
Os debatedores concordaram que a colaboração entre entidades como o Comitê de Logística do Sindiex, que centraliza demandas sobre armazenagem, portos e multimodalidade, é vital para visitas técnicas e políticas que acelerem a adoção tecnológica.
Diálogo, cooperação e inovação
Juliana Blumenthal, gerente geral de marketing da BBM Logística, enfatizou a importância estratégica do evento para o fortalecimento do ecossistema logístico capixaba. Ela explica que o Encontro Logístico nasceu com o propósito de criar um espaço permanente de diálogo qualificado, troca de boas práticas e construção de parcerias estratégicas.
“A BBM acredita que o futuro da logística é colaborativo. Ao conectarmos profissionais, empresas e instituições, todo o ecossistema ganha. Só assim conseguiremos elevar o padrão de serviço no setor logístico”, conclui.
